sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Antes que se apague o dia

Quando a luz da noite apagar o dia, ao fim do quase interminável crepúsculo da nova era, verás como foi linda a vida, que de tão divina se fez fútil aos olhos dos cegos.
Cegos esses que se tornaram escravos de um papel verde, ao ponto de perder a capacidade de se deliciar no suave toque da névoa matutina que cerca e embeleza a vinda do sol para aqueles que ainda conseguem vê-la, senti-la.
Cegos de sentimentos, de sentidos com sentido, com vida, com ternura, com amor, cegos esses ao canto dos pássaros, ao cheiro das flores, ao pôr do sol, cegos à vida.
A vida é lindamente linda, para aqueles que, ao se acordarem, ainda conseguem se surpreender com as coisas mais simples, como o voo de um pássaro, o nascer do sol, como o próprio existir, como o próprio mundo, como a própria vida.
A vida é realmente linda para aqueles que a vêem como uma brisa, não precisa vê-la para saber que existe, mas sim somente senti-la, e que seja assim para sempre e para todos.
Que os cegos consigam tirar a penumbra da rotina de seus olhos e os fechem para o verdadeiro fútil, necessário, mas fútil.
dinheiro, status, poder, MISÉRIA, MARGINALIZAÇÃO, IMPOTÊNCIA, SOFRIMENTO...
Que o que realmente importa venha a tona em suas e retinas , antes que o tempo seja pouco , antes que a valsa se acabe e entre aquele triste e singelo tango argentino, antes que a luz da noite apague o dia, ao crepúsculo quase que interminável da nova era.

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