sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ser ou não?....

A fim de fugir, como sempre, da agoniante desordem dos meus pensamentos, estou mais uma vez sentado de cara em uma tela com alguém nos meus ouvidos cantando algo que um dia disse, mas apenas disse.
Isso me fez lembrar de alguns anos atrás, quando eu sentara em uma cadeira em minha varanda e ficara apreciando um jardineiro podar uma árvore que tinha logo em frente a minha casa. O melhor foi o fato de, após certo tempo, aquela imensa árvore se virar para o jardineiro e fazer-lhe a seguinte pergunta:
-O que o senhor acha?
O jardineiro olhou-a com tez de um estilista e falou que seu trato estava ótimo e que, não por ele ter feito o serviço tão bem, estava orgulhoso, de algum modo e motivo, mas estava.
A árvore então se deixou balançar pelo vento pomposamente e sentia aceita por todas aquelas criaturas ali existente, estava bela!
Então seu "dono" chegou, olhou-a de cima a baixo, e ela, aproveitando o embalo da brisa, se deixou estremecer, ruidosa.
Seu "dono" virou-se com nítida indiferença e entrou! Sem uma única palavra!
Pobre árvore, acha que ser podada seria um benefício ao seu "dono", já que para ela era algo que lhe causava bastante incômodo. Pobre árvore, sempre pelos outros, pobre.
Passaram dias e a indiferença continuava de forma escrachada e pertinente, e a nossa amiga cada dia mais sofria, ao ponto de começar a murchar. Murchava não lentamente, mas de uma forma que seu dono percebeu logo, e sentindo algo errado, sentou-se para conversar com sua planta.
Ela desabafou. Disse-lhe o imenso sacrifício que tinha feito, perdeu partes e mais partes do seu ser para buscar uma mudança e mesmo assim não era reconhecida.
Então seu dono a olhou com um sorriso terno e acolhedor, e disse:
- Eu a amava daquela forma que era, cheia, repleta de galhadas, onde habitavam pássaros e outros animais. Me fazia melhor sombra, dava um toque natural à minha casa, era o que eu queria, por isso não se deixe morrer e volte a ser aquela árvore que eu amei um dia.

Mudar por alguém faz tanto sentido assim, ao ponto de sofrermos tanto e perceber, bem após a mudança, que eramos exatamente o que queríamos ser e o que esse alguém também queria?

Boa noite.

Um comentário:

Alvaro Soares disse...

Belo blog :D. Que assustador, temos quase o mesmo nome e moramos na mesma cidade o_o